Sejam Bem Vindos!

Quero agradecer, carinhosamente, pela sua visita e espero que possamos continuar partilhando experiências, as quais considero-as importantes para manutenção de minha recuperação.
Sua partilha (comentários) aqui nos Posts, bem como seguir-me quando julgares conveniente, é importante para que possamos estreitar ainda mais a nossa amizade, algo que é fundamental para um crescimento em nível de ser humano...ainda mais quando se trata de um adicto em recuperação, como eu.
Por isso, mais uma vez, muito obrigado por sua presença!
Que bom que você veio! Que bom que você me visitou!
Melhor ainda será ler seus comentários e ver-te aqui, sempre que possível, ajudando-me dia-a-dia.
Que O PODER SUPERIOR continue te concedendo o direito de reconhecer, aceitar e realizar a Vontade DELE, em todas as suas épocas e lugares, para que só assim, possas continuar desfrutando destas Dádivas de renovados dias Limpos, Serenos e repletos de Saúde e Paz!
Abraços e TAMUJUNTU.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL! FELIZ ANO NOVO! FELIZ VIDA NOVA!




Olá, meus queridos(as) companheiros(as)!
Que alegria vê-los por aqui novamente!
Venho aqui agradecer a cada um de vocês por mais um ano que passou, por mais essa ajuda que vocês me deram, pelas palavras de carinho e conforto, pelas trocas de experiências, pelas horas em que passamos no telefone, Skype, Facebook, etc... Agradeço pela oportunidade que me deram de conhecer-lhes um pouco mais, principalmente aqueles que tive a honra de conhecer pessoalmente.
Meu muito obrigado a cada um de vocês, pois sei que sozinho, não sou ninguém.
Aproveito para pedir sua companhia neste ano que se inicia. Que possamos continuarmo juntos, pois minha caminhada é para toda vida.
Muitos planos para este ano que se inicia. Posso dizer que, dentre eles, conhecer pessoalmente alguns de vocês, pois a experiência que tenho a cada encontro é, simplesmente, fantástica.
Eu desejo pra você e toda sua família, um Natal cheio de Paz e Amor.
Desejo-lhes Harmonia e Prosperidade.
Não por ser uma época festiva e que simbolize algo Religioso, mas por sermos irmãos e tentarmos viver esse amor incondicional.
Desejo-lhes Fé, Forças e Esperanças. Desejo-lhes Serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar. Desejo-lhes discernimento para reconhecer a Vontade Do Poder Superior em relação à nós. Desejo-lhes Aceitação para entender o "Seja Feita a Vossa Vontade e Não a Nossa!"... Desejo-lhes Sabedoria para Vivenciar a Vontade dEle em todas as épocas e lugares. Desejo-lhes que o perdão vos seja uma constante e que nada e nem ninguém possa vos tirar o brilhos de seus olhos. Mas que se mesmo assim tiver de brilhar, que seja de Felicidade. Que lágrimas venham... Mas de emoções. Que 2014 seja um Ano realmente Novo em nossas vidas. Que vocês possam conquistar tudo aquilo que almeja. Que seus sonhos se tornem realidade!
E por estar desejando um Feliz Ano Novo, não estou me referindo apenas a virada de ano. Meus votos são para que você e sua família sejam felizes hoje e sempre!
"E que a paz que excede todo o entendimento, guarde os vossos corações e os vossos pensamentos".

Para aqueles que estão passando pelo drama de viver drogado ou de conviver com um usuário de drogas, vos deixo um excelente vídeo, para que possam acreditar que existe vida após as drogas. É a primeira produção de trabalhadores de saúde na oficina de formação em audiovisual do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre (Porto Alegre/RS). O curta fala sobre a vida de pessoas em busca de autonomia, esperança e cuidado para superarem o vício das drogas. Ótimo vídeo para discussão sobre álcool e drogas. 

Click aqui para assistir o vídeo: Pedras no Caminho

Eu continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, limpo, só por hoje.
Abração.
TAMUJUNTU.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"...MAS QUEM SOU EU PRA FALAR DE QUEM CHEIRA OU QUEM FUMA?..."

Saudações a todos!

Após um tempinho sem postar aqui, novamente cá estou compartilhando minha alegria em poder dizer que continuo no mesmo propósito de não usar drogas, só por hoje, um dia de cada vez.

Novamente não tenho palavras para expressar tamanha felicidade em poder desfrutar de um novo amanhecer, principalmente pelo mesmo ser livre daquelas tremendas ressacas e doses de ressentimentos da noitada anterior.

Agradeço ao Poder Superior por mais um dia de vida, por esse dia ser tão especial, ao ponto de estar aqui com vocês, neste cantinho onde posso compartilhar minhas experiências, forças e esperanças, onde irei ser compreendido e onde me identifico com cada um de vocês.



Hoje quero falar aqui um pouquinho sobre minha condição de aceitar o meu familiar usando drogas.

Talvez poucos aqui saibam, mas tenho familiares que fazem uso e abuso de drogas. Tenho irmãos que, literalmente, moram nas ruas. Vivem nas ruas de Recife-PE. Também tenho outros familiares que estão na ativa e vivem pelo mundão, completamente “rodados”.

Quando eu estava na ativa, eu vivia do mesmo jeito ou até pior que eles estão vivendo hoje. Minha adicção às drogas me levou ao extremo limite do possível e até mesmo do impossível, no que diz respeito às condições (des)humanas, em todos os seus conceitos moral, ético, social, espiritual, etc.

Tornei-me um ser extremamente diferente do que a sociedade normalmente costuma ver em episódios envolvendo dependentes químicos. Talvez seja por isso que especialistas insistem em afirmar que, independente de se tratar de usuários de drogas ou não, existem pessoas extremamente desequilibradas e que seus comportamentos não tem nada relacionado com o uso de drogas. Personalidades (organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, fisiológicos e morfológicos do indivíduo) cada um tem a sua.

Com isso, e com todo um histórico de insanidades que tenho, aprendi a me relacionar com meus iguais de uma maneira igualitária. Confesso que, logo quando entrei no processo de recuperação, foi difícil isso para mim. Mas com o passar do tempo, fui entendendo a necessidade de entregar tudo nas mãos do Poder Superior. 



Logicamente que primeiro tive que vir a acreditar nesse Poder Superior, pois eu era um ateu e atoa. Rejeitava qualquer idéia de que existia Deus ou Poder Superior. Somente após reconhecer que, por motivos maiores que os meus e vontades alheias às minhas, eu estava sem usar drogas, foi que comecei a ver que algo estranho estava acontecendo em minha vida e que isso realmente era um “milagre”. Então comecei a acreditar que “milagres” existem, pois eu sou um.  Conseqüentemente, comecei a acreditar num Poder Superior.

Não é fácil aceitar que um familiar nosso esteja se desgraçando nas drogas e que nós não possamos fazer absolutamente nada, sem que esse familiar se prontifique a também fazer algo.



Não é fácil ver um familiar nosso acabando com sua vida e consequentemente com a nossa e termos que ficar com aquela sensação de impotência, como se estivéssemos de mãos atadas.

Não é fácil passar pelas ruas e ver seu irmão (filho, marido, namorado, esposa, sobrinha, etc) largado nas calçadas ou praças, como se não tivesse família.    Não é fácil ver seu familiar em baixo de um viaduto, deitado ao sereno das madrugadas, coberto com um papelão molhado de álcool de posto, derramado após uma disputa de dois embriagados por uma dose.

Não é fácil ter que assistir seu familiar mendigando nas ruas do bairro onde nasceu e se criou; numa localidade onde todos sabiam do carinho e dedicação dos pais ou demais familiares, para cuidar, educar, acolher e o tornar cidadão de bem, mas que chega uma porra de uma tal de “droga” e o rouba de seu leito familiar, tirando toda aquela formação e educação até então recebida.

Não é fácil comprarmos coisas para nossa casa e depois darmos conta que, literalmente, virou fumaça.

Não é fácil ir visitar nosso familiar uma cadeia. Não é nada fácil enterrarmos nosso familiar o qual perdemos para as drogas.

Não é nada fácil aceitar que estamos perdendo uma parte de nossa família de uma maneira tão trágica, como é ter um familiar dependente químico. Não é nada fácil aceitar nossa impotência perante nosso adicto e entender que, por mais que nos dispusemos a ajudá-lo, ainda assim, nossa ajuda se torna mínima, quando não há uma aceitação por parte de nosso adicto. O que podemos e até devemos fazer, é cuidar de nos tratarmos, pois estamos tão doentes quanto ele, sob uma codependência.

Eu comecei a ter uma melhor qualidade de vida no que diz respeito aos meus familiares, quando comecei a respeitar as escolhas. Comecei a entender que eu também havia feito aquela escolha e não importava a ninguém o que eu queria para minha vida. Nunca me preocupei com o que os outros iriam pensar ou falar de mim. Nunca me preocupei com as conseqüências de minhas insanidades. Não existia respeito aos meus pais nem muito menos as Leis. Minha arma carregada era o meu deus e foda-se todo mundo!  Tirar sangue alheio era tão emocionante quanto era aplicar cocaína em minha corrente sanguínea. (Se você, leitor(a) nunca atirou em alguém ou nunca injetou cocaína nas veias, jamais poderá entender quanta ênfase eu dei ao termo “emocionante”). Trocar tiros era tão adrenalizante quanto participar de uma troca de corda num batizado de capoeira. O estampido de um tiro era tão excitante quanto sentir uma mulher gemendo ao meu ouvido. Massacrar era minha arte preferida. Drogar-me era imprescindível para minha sobrevivência. Nunca me importei sob quais condições estava vivendo: se sob o conforto de uma vida regada pelo tráfico de drogas ou sob o total desconforto de um confinamento de um regime de reclusão. Nunca me importei se estava sentado numa cadeira de praia ou no banco do réu. Tanto fazia se eu estava nos meus “melhores” dias, quando de minha atividade “profissional” no crime organizado, ou se na sarjeta, nas ruas, pela conseqüência de minha dependência às drogas. O que importava era que eu queria ser o mais doido, o mais maluco e o mais drogado.



E por ser portador de uma doença também comportamental, tenho que ser vigilante a essas questões que ainda hoje me cercam, pois eu conjuguei o verbo no passado, mas confesso que se tivesse conjugado no presente, não estaria mentindo. Confesso que em muitas destas situações acima, infelizmente ainda as tenho com a mesma visão, ou seja, ainda as acho emocionante, adrenalizante, excitante, do mesmo jeito. Ainda bem que não acho imprescindível me drogar. Mas tenho que me atentar para não continuar dizendo: "Meu estilo é pesado e faz tremer o chão, minha palavra vale um tiro eu tenho muita munição. Na queda ou na ascensão minha atitude vai além, e tenho disposição pro mal e pro bem..."  (Racionais MC's)

É assim que muitos hoje estão vivendo e eu tenho que respeitar suas escolhas. É assim que meus irmãos estão vivendo e eu tenho que respeitar as escolhas deles.

Eu até posso fazer algo por eles, como de fato tenho feito: estou sempre me colocando à disposição para ajudá-los, mas da forma mais coerente, pois da forma mais emotiva, quem se prejudica sou eu.

Afinal, diante do meu histórico, “mas quem sou eu pra falar de quem cheira ou quem fuma?”

Entendo que o momento de cada um chegará. Se não chegar o momento de parar em vida, chegará o momento de parar com a morte. Disso eu não tenho dúvidas. Somente espero que todos tenham a mesma Dádiva que eu estou tendo. Viver como eu vivi e conseguir sair é realmente um verdadeiro milagre.

Sou apaixonado por leitura e músicas. Algumas delas me fazem voltar ao tempo. Outras me fazem refletir. Já outras...

Quero aqui fechar com um trecho de uma música de RACIONAIS MC’s. Essa música serve tanto para quem está na ativa e de repente passou aqui em meu blog, quanto para quem está com um familiar fazendo uso/abuso de drogas. Lembremos de que “eles são nossos irmãos também”.



“Ei Brown, sai fora! nem vai, nem cola.
naum vale ah pena da ideia nesse tipo ai 
ontem ah noite eu vi na beira do asfalto 
tragando ah morte, soprando ah vida pro alto 
oh os cara! soh o pó,pele e osso 
no fundo do poço, mó flagrante no bolso 
veja bem, ninguém eh mais que ninguém 
veja bem, veja bem e eles são nossos irmãos também.
pá de cocaina e crack, whisky e conhaque 
os mano morre rapidinho sem lugar de destaque 
mas quem sou eu pra falar de quem cheira ou quem fuma? nem dá 
nunca te dei porra nenhuma...
voce fuma o que vem, entope o nariz 
bebe tudo que vê, faça o diabo feliz"

Um forte e carinhoso abraço a todos e que o Poder Superior, em Sua infinita bondade, nos conceda o direito de reconhecer, aceitar e realizar a Sua Vontade em todas as nossas épocas e lugares, para que só assim, possamos ser merecedores de Suas Dádivas, como saúde, paz, serenidade e sobriedade.

Eu continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, Limpo, Só Por Hoje.

TAMUJUNTU.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Mente aberta, boa vontade e honestidade de Antônio Nery Filho

Olá, pessoal!
Tudo bem?
Dando uma passadinha de praxe no blog Só Por Hoje , encontrei essa maravilhosa postagem, a qual acho interessantíssima e por isso venho a compartilhá-la.
Abração e bons momentos a todos!
TAMUJUNTU.




Mente aberta, boa vontade e honestidade de Antônio Nery Filho

TEXTO PUBLICADO 
por Antonio Nery Filho, em 6 de maio de 2013.

QUE DEUS NOS AJUDE


Não raras vezes me opus ao que parecia ser o senso comum sobre as drogas e seus usos. Há muitos anos, declarei minha oposição ao modo como os usuários de maconha eram (des)tratados. Mais recentemente, discordei publicamente em evento internacional promovido pela Senad, em Brasília, da fórmula “crack e outras drogas”, onde um produto grave, é verdade, mas de insignificante alcance se considerado frente a outros agravos, ocupava o lugar do álcool, de histórico reconhecimento como um dos mais sérios problema de saúde pública no mundo ocidental. Desde então recusei-me a participar de qualquer evento que colocasse o crack em evidência, por não querer contribuir para fortalecimento de uma falsa verdade, socialmente construída, e sustentada por uma mídia largamente desinformada ou defensora de interesses comerciais. Em São Paulo, no final de abril deste ano, aceitei convite do Professor Elisaldo Carlini (CRR/Cebrid/Unifesp), para participar de Simpósio sobre Redução de Danos e crack. Por que a exceção? Porque precisava reafirmar minha velha posição, encontrar profissionais sérios e de larga experiência na atenção aos usuários de substâncias psicoativas e seus familiares; recusar publicamente, mais uma vez, a política míope, medíocre, que o Parlamento Brasileiro quer nos impor, longe de tudo que as ciências sociais, humanas e da saúde produziram ao longo das duas últimas décadas, e apoiar o Deputado Paulo Teixeira em sua tenaz resistência. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, promovida pela Comissão responsável pela proposta de alteração da atual Lei de Tóxicos (11.343/2006), pude avaliar a dimensão do retrocesso que nos aguardava. A proposta do Deputado Osmar Terra, é o cataclisma anteriormente anunciado. Contudo, não são os deputados evangélicos, ou os deputados proprietários de comunidades terapêutica que me inquietam mais. Cinicamente, penso que estão defendendo seus interesses. Inquieto-me, sobremodo, com os usuários e seus familiares pela pequena ou quase nula possibilidade de serem ouvidos; me inquieta a alma “o silêncio dos inocentes” que nunca tiveram de cuidar de um filho, de um marido, de um amigo-quase-irmão, envolvidos com uma ou mais drogas, legais ou não, seja como experimentador, usuário eventual ou dependente; perturba-me uma classe média acomodada em casas protegidas (ma non troppo) por câmeras, grades e vigilantes. Dói-me, profundamente, a “cegueira branca” de que falava Saramago em seu Ensaio Sobre a Cegueira, que acomete, epidemicamente, a quase todos, qualquer que seja a cor, o credo ou a classe social. Por tudo isto, desejo que o Ministro da Justiça e o novo Secretário de Políticas Sobre Drogas, Defensor Público, tenham olhos para ver, ouvidos para ouvir e a sensibilidade indispensável para cuidar da coisa pública, no seu sentido original (rex publica), dando ao Manifesto assinado pelos Centros Regionais de Referências das Universidades Federais, a importância devida, porque representa, no mínimo, outra versão da sociedade brasileira. 

Por oportuno, anexo aqui o texto do psiquiátra Luís Fernando Tófoli, professor da Unicamp, e publicado na Revista Carta Capital em 17 de abril próximo passado, para esclarecimento dos que ainda duvidam:

Em suas manifestações públicas em relação ao projeto de drogas que redigiu, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS), médico e ex-secretário de Saúde de seu estado, tem sido profícuo ao citar dados. Em uma declaração ao jornal O Globo, ao criticar o viés “ideológico” daqueles que objetam contra seu projeto, não hesitou em dizer que “cada parágrafo” dele seria “baseado em evidências científicas”.

Dados científicos são frequentemente incompletos, sujeitos a contingências metodológicas e difíceis de interpretar. A própria construção do que é uma evidência científica e a decisão de nortear políticas a partir delas são também opções ideológicas, embora os médicos não se deem conta disso. No século XXI já parece ser bastante claro que não existe Ciência absolutamente neutra, e que é na análise de estudos que apontam posições e resultados contraditórios que poderemos nos aproximar da realidade. Esse é, por excelência, o caminho possível no campo das políticas públicas sobre drogas.

O PL 7663/2010 de Osmar Terra – transformado no substitutivo do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) – está longe de ser uma peça legislativa baseada em dados científicos inquebrantáveis. Para começar, o projeto parte da concepção de que a dependência química é uma doença cerebral que leva a alterações permanentes causadas pelas drogas, uma doença para a qual não existe cura e para qual o único tratamento possível é a abstinência. Essa premissa é desafiada na literatura científica recente, e certamente não pode ser tomada como uma verdade para todos os casos. Como explicar, por exemplo, os vícios que não envolvem substância psicoativa, como o jogo patológico? Ainda que essa concepção da dependência fosse assumida como correta, caberia examinar se o projeto de lei, a fim de amenizar o terrível sofrimento social causado pelas drogas, está suficientemente assentado em evidências científicas. Vejamos aqui algumas que foram ignoradas no processo de elaboração do PL.

Em primeiro lugar, o projeto faz uma grande trapalhada ao emaranhar dependência química com uso de drogas. A literatura mostra claramente que o contingente de dependentes das drogas ilegais mais comuns no Brasil é algumas vezes menor do que o número total de usuários. Políticas e eventuais medidas para estes grupos devem ser distintas. Ao misturar os conceitos, o projeto dá a chance, por exemplo, de que um usuário leve de maconha seja submetido a uma versão contemporânea da internação forçada apresentada no filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky.

Outra confusão feita pelo PL está na proposta de uma classificação das drogas por seu potencial de gerar dependência. A ideia é baseada em uma classificação feita pelo Reino Unido e não é delineada no texto legislativo, ficando para ser decidida posteriormente. Atualmente há críticas à própria classificação britânica, e um famoso estudo publicado na respeitável revista científica Lancet colocou em cheque a própria noção de que seriam as drogas ilegais as mais daninhas para o indivíduo e a sociedade.

Não bastasse isso, o projeto ainda aumenta a pena para tráfico de drogas, sem distinguir usuários de traficantes de forma objetiva. Considerando o desproporcional aumento de apenados por tráfico no Brasil dos últimos anos – muitos deles com um perfil muito mais próximo de usuários do que de traficantes perigosos – tomar uma medida como essa sem determinar critérios objetivos de distinção é bastante temerário, ainda mais se considerarmos que o próprio endurecimento legislativo pode ser confrontado. Por exemplo, na Europa, o consumo por adolescentes é menor em países onde há menores restrições para o porte e uso pessoal de drogas. A resposta que o deputado Osmar Terra tem dado – que é o de que os “aviõezinhos” iriam carregar somente a quantidade permitida para porte e que “ninguém mais vai ser preso” – não é condizente com os dados do Observatório Europeu de Drogas e Dependência, que mostra que em países que se tornaram menos rigorosos com o uso e porte de drogas, as prisões por tráfico não diminuíram.

O autor do projeto já disse que as ações de consultório na rua – proposto como uma das alternativas às duas únicas formas de tratamento presentes no PL, a internação compulsória e o acolhimento voluntário em comunidades terapêuticas – não têm evidência de efetividade. Pode ser que o enfoque das provas científicas feito pelo deputado revele também um viés ideológico, já que o mais respeitável repositório de Medicina baseada em evidências, a Biblioteca Cochrane, indica que não há provas suficientes para apoiar o modelo das comunidades terapêuticas no tratamento da dependência química. Além disso, segundo afirma Gilberto Gerra, do Escritório das Nações Unidas para o Crime e Drogas, também não há evidências que justifiquem o uso de internações forçadas a não ser em situações críticas de risco de vida e quando outras tentativas não tiverem dado certo – o que, aliás, já determina a atual lei brasileira que dispõe sobre os tipos de internação psiquiátrica.

Há muitos outros pontos problemáticos – como o financiamento de entidades religiosas, o cadastro de usuários de drogas, as formas estranhas de regulação de um sistema de tratamento paralelo ao Sistema Único de Saúde, só para citar alguns. Num projeto tão questionado – rejeitado ou fortemente criticado por notas técnicas do Governo e por ONGs, por pareceres de entidades como a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto dos Advogados Brasileiros e o Conselho Federal de Psicologia, e até pela opinião de políticos de posições opostas na arena eleitoral como o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – a presença de evidências científicas que contradigam seus parágrafos deve ser mais um elemento para, no mínimo, refrear o regime urgente em que o projeto tramita e, no limite, sepultá-lo em definitivo na busca de respostas mais consensuais.

Mas, no Brasil, onde “política baseada em evidências” se confunde com “evidências baseadas em política” e a mídia – com honrosas exceções – ajuda mais a embaralhar e estigmatizar a questão do que estimular o debate qualificado, é bem possível que as evidências sejam soterradas pela urgência política vinculada ao atual projeto em tramitação. Aguardemos para ver o que os legisladores brasileiros têm a responder diante deste projeto que representa um conjunto de retrocessos míopes à pesquisa científica e às reais e sérias demandas de cuidados que a questão do uso problemático de substâncias impõe a este país”.




terça-feira, 12 de novembro de 2013

EVENTOS & EVENTOS

Saudações a todos!

Que alegria poder estar aqui novamente com vocês, compartilhando minha felicidade de estar limpo, só por hoje.

Acabo de chegar de viagem, na qual passei dias maravilhosos, por várias cidades neste Brasil. Começou em Brasília-DF, onde fui participar do Ciclo dos Doze Passos (dias 18, 19 e 20/10/2013), conforme partilhei aqui na postagem anterior. Depois fui para Caldas Novas-GO, um lugar muito lindo para se conhecer. Em seguida, fui para Ouro Preto-MG, outra cidade muito bonita. Depois fui participar do 10º encontro com os veteranos, que se realizou nos dias 25, 26 e 27 de outubro/2013, na cidade de Cachoeira do Campo-MG. Na volta, uma passadinha de um dia na capital Mineira.

Nos dias 09 e 10 de Novembro/2013, já estava em Fortaleza-CE., para participar do XXV Seminário da Região Nordeste. Outro evento magnânimo, onde milhares de pessoas puderam contemplar a essência de ser um milagre.

Na postagem anterior, falei da emoção vivida nos dias do Ciclo dos Doze Passos. Agora irei falar da emoção vivida nos dias em Cachoeira do Campo-MG, por ocasião do encontro com os veteranos e do Seminário da Região Nordeste, em Fortaleza- CE.

Começo falando pelo local do encontro com os veteranos.

Um lugar, simplesmente, fantástico. Muito lindo mesmo.

Excelente para um evento como os retiros. Até indico o site para quem quiser conhecer: HOTEL FAZENDA RETIRO DAS ROSAS

Tivemos duzentas e trinta e seis inscrições. Companheiros e companheiras de várias partes do Brasil e até dos Estados Unidos da América, que veio exclusivamente para participar do encontro.

Cabe aqui dizer que o encontro, apesar de que leva o título “encontro com os veteranos”, não é somente para veteranos na Irmandade, não. É um encontro com veteranos e, portanto, tem companheiros(as) novatos e veteranos. Sem falar que a participação de amigos e familiares também é grande.

Aproveito o tópico de falar de amigos da Irmandade, para dizer que tivemos a presença de grandes amigos. Dentre eles, estiveram presentes o Dr. Laís Marques da Silva, médico, amigo de A.A., que desempenhou atividade junto à Irmandade desde o ano de 1973, foi eleito custódio não alcoólico em 1988 e exerceu as funções de Vice Presidente da Junta de Custódios de Alcoólicos Anônimos do Brasil por três anos e de Presidente da mesma por seis anos, até 1997. Até hoje continua dando seus préstimos à nossa Irmandade.

(Júnior, Dr. Laís, Dr. Olney, Dra. Sandra, Dr. Oscar Cox e Dr. Fernando)

Também tivemos a presença do Dr. Oscar Rodolfo Bittencourt Cox, médico, outro grande amigo de nossa Irmandade, prestou serviço como Vice Presidente da Junta de Custódios de Alcoólicos Anônimos do Brasil nos anos de 1994 a 1996 e em 2006. Também foi Presidente desta Junta de Custódios nos anos de 2007 e 2008.

Estava também presente um dos nossos amigos que muito prestou serviço à nossa Junta de Custódios de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Trata-se do Dr. Fernando Luiz Ribeiro de Souza, que prestou serviço à nossa Irmandade dos anos 1993 a 2011 e de 2007 a 2010, como Custódio não alcoólicos – Tesoureiro I da JUNAAB.

Também se fez presente o nosso querido amigo e atual Custódio não alcoólico, o Dr. Olney Fontes, que prestou serviço à nossa Junta de Custódios nos anos de 2009 a 2011, como Tesoureiro II e em 2012 e 2013, como Tesoureiro I.

Também estava presente a nossa atual Presidente da Junta de Custódios de Alcoólicos Anônimos do Brasil, a Dra. Sandra Lúcia de Oliveira Rodrigues da Silva, Psicóloga, que está na Presidência da JUNAAB desde 2010 e este ano foi eleita novamente por mais um mandato.

Essas pessoas são, simplesmente, maravilhosas!
Pessoas que nunca tiveram problemas com álcool/drogas, mas que estão sempre dedicando seu tempo e seus préstimos a nossa Irmandade, abraçando a causa como poucos o fazem. São pessoas como estas citadas acima, que nossa Irmandade chegou aonde chegou. E ainda vai bem mais longe, pois a cada dia apadrinhamos novos amigos(as).
E os veteranos presente?

Nossa!  Quanta emoção ver companheiros(as) com décadas de anos limpo, só por hoje!

Que alegria escutar experiências de companheiros(as) que fizeram parte dos primeiros Grupos aqui no Brasil!

Que alegria poder escutar a palestra 
do companheiro Lee, que veio dos Estados Unidos, somente para partilhar experiências conosco.

Que alegria poder fazer parte daquela plenária repleta de pessoas de vários lugares do Brasil! Algumas pessoas que nunca haviam se visto antes, mas que pareciam serem irmãos com anos de convivência.

O encontro com os veteranos promove uma interação muito grande e eficaz, principalmente para aqueles que estão chegando, como havia bastante deles presentes na plenária. Aliás, parte dos meninos da Comunidade Terapêutica São Miguel Arcanjo, que estavam presente no Ciclo dos Passos, no Distrito Federal, também estavam presentes neste encontro com os veteranos.

Foi maravilhoso os ver serem chamados. Foi magnânimo ver um deles ir lá na frente e receber uma literatura, como forma de apadrinhamento.


Foi ótimo assistir uma apresentação deles, cantando uma música para abertura de mais um palestrante.

Confesso que a cada evento que participo, fico mais maravilhado.
Como é bom ouvir o que eu e todos os presentes ouvimos! Como é gratificante fazer parte de uma Irmandade cada vez mais reconhecida pela sua eficácia no tratamento desta doença que mais contribui para a mortalidade no mundo!

Em meio às palestras, escutei o Dr. Lais dizer que, apesar de anos de medicina, tudo o que ele sabe sobre alcoolismo, ele aprendeu na sala de A.A..

Escutei palestrante dizer que, mesmo não sendo as Irmandades de A.A. e NA uma religião, ainda assim, ele as vê como tal, pois, através de um sugerido programa de recuperação, oferecem uma forma de religação do homem com Deus, na forma como cada um O concebe. Ainda salientou que o tal sugerido programa aborda fé, bondade, amor ao próximo, retratação, perdão, carisma, e tudo isso é espiritual.


Ter desfrutado de mais esse encontro, me proporcionou momentos de muita emoção, tais como assistir um grupo de mulheres fazendo uma apresentação de um tema específico para mulher dependente química. 


Cada uma dela que ia lá e falava, emocionava a todos com suas palavras chocantes! Lágrimas de emoção no público que assistia a tudo contagiado de alegria.

O Seminário da Região Nordeste também dispensa comentários. Outro grande evento que reúne milhares de pessoas. Estima-se que este ano, foram mais de cinco mil pessoas vindas de todos os cantos do Brasil, além de participantes vindos do Uruguai, Portugal, EUA, Paraguai, etc. Alguns dos que estavam presentes em Brasília-DF e em Cachoeira do Campo-MG, também estiveram presente em Fortaleza-CE.

Eu tive a Dádiva de participar no dia que antecede o Seminário Nordeste, de uma Interárea, com Delegados de Áreas da Região Nordeste, onde eu estava lá, representando uma das Áreas. Na cerimônia de abertura do Seminário Nordeste, tive a felicidade de entrar conduzindo a Bandeira do Estado que represento. Uma sensação indescritível.


Houve um momento que jamais esquecerei. Foi na hora do Hino Nacional. Eu ali na frente, milhares de pessoas cantando o Hino, flash de câmeras por todos os lados, equipe de filmagens registrando o evento e eu, cá em meus “castelos”, emocionado por lembrar-me de minha época de ativa, quando momentos parecidos eram totalmente ao contrário de hoje. Quando acontecia de eu ter que ficar enfrente à câmeras, era por estar sendo apresentado à imprensa, acusado de crimes.


Emocionei-me demais pela Dádiva de estar ali, naquele Seminário, onde as pessoas me olhavam com outros olhos. Sou imensamente grato ao Poder Superior por mais esta Dádiva em minha vida.

Enfim, foram eventos maravilhosos. 
Eventos que ficarão marcados para sempre na vida de quem participou. 

Tenho certeza de que me encontrarei outras vezes com muitas daquelas pessoas que ali estavam, pois estamos sempre participando de encontros e, além do mais, nos prontificamos em voltar no ano que vem.

E você, leitor(a), não vai aos nossos encontros?

Bom seria poder te encontrar! Que alegria seria para mim, poder conhecer-te pessoalmente!

A cada um de vocês que conheço pessoalmente, me sinto mais realizado ainda. Por isso, vamos marcar um encontro???

Por hoje é só o que preparei para vocês. Espero que muito em breve possamos estar presente numa sala, partilhando nossas experiências. Que até lá, O Poder Superior continue iluminando nossas vidas.

Finalizo deixando aqui um vídeo com o encerramento do Encontro com os veteranos, em Cachoeira do Campo - MG., onde fizemos a nossa singela oração da serenidade em dois idiomas.



Bons momentos, repletos de Serenidade, Sabedoria e Sobriedade.

Um forte e carinhoso abraço a todos.

Eu continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, limpo, só por hoje.

TAMUJUNTU.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CICLO DE ESTUDO DOS DOZE PASSOS

Saudações, meus queridos(as)!
Estou aqui para expressar, ou pelo menos tentar expressar minha gratidão pelo programa que tem feito milagres em minha vida e na vida de milhões de pessoas.
Tive o prazer de estar participando de mais uma edição de Ciclo de Estudos dos Doze Passos. Desta feita, foi em organizado pelos companheiros(as) do Distrito Federal e realizado no entorno de Brasília. Um evento, simplesmente, fantástico!
Foram três dias de muitos (re)encontros, trocas de experiências, partilhas, choros, alegrias, emoções a toda hora, apadrinhamento constante nos bastidores e nos dormitórios, enfim, um evento maravilhoso. Só estando lá para sentir a energia... Energia essa que quero transmitir a todos vocês, através destas poucas palavras.
A minha alegria já começou desde minha chegada em Brasília, onde tive a oportunidade e o privilégio de conhecer pessoalmente, minha companheira Polyanna P., do blog Amando Um Dependente Químico, autora do livro Amando Um Dependente Químico. Ela estava lá no aeroporto me esperando com uma identificação altamente pessoal – “Júnior TMJ”. Não tinha como não saber que aquela era minha amiga Poly!
Abraços. Cumprimentos. Apresentação de minha amiga e de seu esposo. Um passeio pelo conhecido plano piloto, que é o centro de Brasília. Fotos na esplanada dos Ministérios. Fotos na Câmara dos Deputados. O que seria apenas um chá tornou-se num passeio que durou a tarde toda. Foi maravilhoso.
Combinamos \de nos encontrar no evento. Domingo pela manhã, lá estava Polyanna, nos abrilhantando com sua presença.
O evento teve momentos marcantes. Experiências que ficarão na memória para toda uma vida.

Tive oportunidade de ser o facilitador (expositor) do Segundo Passo. Que alegria em poder estar ali, compartilhando minha experiência pessoal sobre a vivência do Segundo Passo. Também tive a felicidade de assistir um médico dizer em sua palestra que, embora tenha anos de experiência profissional, tudo o que ele aprendeu sobre alcoolismo, foi em alcoólicos anônimos. Nossa!!! Como é bom fazer parte!
Também me arrepiei quando escutei a Polyanna dizer que os Doze Passos deveriam ser ensinados na escola. Para quem não sabe, os Doze Passos, que foram originados na Irmandade de Alcoólicos Anônimos -A.A., hoje são utilizados por dezenas de outras Irmandades, tais como Narcóticos Anônimos, Neuróticos Anônimos, Fumantes Anônimos, DASA, MADA, etc.
É incrível como as pessoas mudam com a vivência dos Doze Passos. Eles (os Dozes Passos), nos dão condições de viver uma nova maneira de viver, no mundo do espírito e da fé. Formamos uma nova sociedade. Até parece que não somos mais deste mundo. Vivemos totalmente diferentes e somos notados e vistos com exemplos de superação. As pessoas que se aproximam de nós, sempre se questionam como é que conseguimos viver tão harmoniosamente, apesar de sermos pessoas tão complicadas. Não sabem que somos tocados por um propósito em comum e primordial, o qual nos deixa iguais uns aos outros e que nos condiciona em viver juntos, para não morremos separados.
Dentre nossa convivência em eventos como o que relato, surge coisas ou fatos que nos impressiona e impressiona principalmente quem está nos visitando pela primeira vez. 


Por exemplo, chegar num stand de vendas de literaturas e encontrar vários livros a venda, uma cesta cheia de dinheiro para troco e uma placa dizendo “compre e faça o seu troco”.
O mesmo acontecia no bazar, o qual dispunha de várias coisas à venda, mas que não havia ninguém vendendo. Cada um se servia a vontade, comprava, pagava e passava troco. Isso sem ninguém fiscalizando. Cada um é responsável pela sua compra e pela venda daquilo que está comprando. Coisa fantástica!
Talvez fosse comum num meio de centenas de adictos, um fato como este não dar certo. Seria até normal se sumisse dinheiro ou literaturas ou qualquer outra coisa no bazar. Entretanto, durante os anos em que fazemos estas experiências, afirmo que nunca tivemos prejuízos. Muito pelo contrário, o saldo sempre dá maior do que os valores reais das vendas, pois quem está comprando, muitas vezes deixa valores a mais de que o valor exato da mercadoria que está adquirindo. Por exemplo, no ciclo anterior, vendemos mais de mil e quatrocentos reais em literaturas, mas o valor arrecadado foi mais de mil e setecentos. Neste ciclo eu não me lembro do valor arrecadado, mas vi o tesoureiro afirmando que o saldo foi positivo.
Dificilmente teríamos condições de fazer isso numa sociedade em que vivemos. Jamais tínhamos condições de reunir meio mundo de adictos para deixar dinheiro numa bandeja e um bazar cheio de coisas, sem que não desaparecesse nada. Sem dúvidas, não demoraria muito para desaparecer tudo.
Entretanto, os que estão buscando uma nova maneira de viver com a prática dos Doze Passos, conseguem ser honesto consigo mesmo e conseguem conviver em sociedade honestamente.
Sinceramente, estou cada dia mais apaixonado por estas Irmandades que faço parte. Sou imensamente grato a este Poder Superior que me dá condições viver sóbrio, um dia de cada vez. Agradeço a Ele por ter me devolvido a sanidade.
Levarei deste evento de Brasília-DF, momentos que nunca conseguirei descrevê-lo como gostaria. Momentos inenarráveis. Pessoas que estão marcadas em meu coração e que manterei contato sempre, para fortalecer mais minha recuperação.
Dias 18, 19 e 20 de Outubro, foram os dias do ciclo dos doze passos no Distrito Federal. Dias 25, 26 e 27 de Outubro/2013, acontecerá o 10º Encontro dos Veteranos, na cidade de Cachoeira do Campo/MG.
Eu vim participar dos dois eventos e, para não ter que voltar para casa e retornar novamente para o outro evento, eu fiquei por essa região estes dias, aproveitando para conhecer lugares incríveis, como Caldas Novas-GO, Ouro Preto-MG e agora, neste exato momento, estou já no local do Encontro dos Veteranos. Uma galera já está por aqui. Tenho certeza de que serão outros momentos que ficarão marcados na minha vida. Breve estarei por aqui novamente, para compartilhar para vocês, como foi essa décima edição do encontro de veteranos, aqui em Minas Gerais.
Um forte e carinhoso abraço a todos vocês. Que DEUS abençoe grandemente cada um e que possamos todos juntos, fazer o que sozinho não conseguimos.
Até nosso próximo contato.
Eu sou o Júnior, um adicto em recuperação, limpo só por hoje.

TAMUJUNTU.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

VIVER LIMPO: ESCOLHA OU DECISÃO??

Ontem, conversando com uma irmã de um adicto que está na ativa, fui perguntado:   "-Por que o viciado em drogas tem hora que escolhe se recuperar e às vezes, na mesma hora, escolhe se drogar?".  Eu respondi:  "Simples!  Ele ainda tem opção. É uma escolha dele!"



Aparentemente, a resposta veio meio que abrupta, áspera, violenta, mas não foi essa a intenção e depois, mais detalhadamente, expliquei.

Tempos atrás, assisti uma temática sobre “DECISÕES E ESCOLHAS”. Existe uma grande diferença entre escolha e decisão. Todos nós estamos acostumados a fazermos escolhas e mais escolhas. A humanidade se acostumou à filosofia de que temos o direito de fazermos nossas escolhas. É claro que temos o direito de fazermos nossas escolhas. Somos totalmente livres e há momentos em que realmente devemos fazer escolhas, mas há momentos em que devemos tomar decisões. Essa história de que “faço minha escolha e se não der certo, faço outra escolha”, isso tem um impacto enorme em nossas vidas, principalmente quando não necessitamos de escolhas e sim de decisões.

Todos os dias nós fazemos escolhas. Escolhemos uma roupa para vestir. Escolhemos um sapato para calçar. Escolhemos qual canal de televisão assistir. Às vezes temos o direito de escolher o que comer ou o que beber. Se vamos comprar uma roupa, escolhemos antes.


Entretanto, decisão é totalmente diferente. Decisão não deixa espaço para escolhas. Quando decidimos, eliminamos escolhas. Decisão é completamente diferente de escolhas. No exemplo de comprarmos uma roupa, escolhemos a roupa e depois decidimos a forma de pagamento (se avista, cartão, cheque, etc). Depois de efetuada a compra já não tem como escolher novamente a forma de pagamento. Isso é tomar decisão.



Alguns momentos são decisivos em nossa vida. O Curso universitário, quando decidimos a profissão que vamos seguir carreira. O marido/esposa com quem vamos constituir família. O momento de ter o primeiro filho. Nessas horas, geralmente estamos diante de dois ou mais caminhos. E precisamos tomar uma decisão. Recorremos à lógica, às emoções, aos amigos, aos pais, a qualquer um com um “pitaco” a oferecer. E, enfim, escolhemos a quem recorrer para ver qual decisão tomar.

Do mesmo jeito é com a dependência química. Passamos horas de nossas vidas escolhendo as substâncias, escolhendo as companhias, escolhendo o modo de usar, escolhendo os locais de usar. Em certo momento, as coisas não ficam tão boas para nós, que procuramos abandonar as drogas e fazemos a escolha de não usar nunca mais.

Não funcionou!    Não funcionou porque o “nunca mais” para um adicto é muito tempo e também porque ele tem a escolha como aliada dele. Ou seja, ele tem opção de continuar usando “moderadamente”, como ele imagina conseguir.

Daí ele escolhe usar só mais uma vez e com o passar do tempo, novamente as consequências não são agradáveis e logo ele escolhe outra substância, na tentativa de diminuir os danos. Ele pensa que trocando uma substância por outra, poderá controlar seu uso.      Escolhe outras pessoas para usar juntos, na tentativa de encontrar alguém que use moderadamente.     Escolhe outras maneiras de usar, por exemplo, deixando de usar (crack) no cachimbo para usar “mesclado” com cigarro ou maconha.

Enfim, ele faz mil e uma escolhas, mas continua usando... E continua tendo danos. Até o dia em que, como eu, não tiver mais escolhas. Até o dia em que, como eu, tomar uma decisão.
E que decisão é essa??   Evitar, só por hoje, o primeiro gole, a primeira droga, o primeiro crime, a primeira má intenção.


Eu não escolhi parar de usar...eu decidi não mais usar!
Decidi admitir que sou impotente perante as drogas.
Eu decidi dar um rumo à minha vida, já que admiti que ela estava sem controle.
Decidi acreditar que somente Um Poder Superior poderia me devolver a sanidade.
Decidi entregar minha vida e minha vontade aos cuidados Dele.
Decidi inventariar minha vida e admitir a natureza exata de minhas falhas.
Decidi me prontificar a deixar que Deus removesse minhas falhas e minhas imperfeições, apesar de que são muitas e que ainda tenho bastante. Mas quando me prontifiquei, já fui trabalhado demais por Ele.
Decidi fazer reparações e admitir meus erros.
Decidi procurar a vontade do Poder Superior em relação a mim e praticar essa Vontade em todas as minhas épocas e lugares.
Decidi compartilhar minha experiência com outros adictos, afim manter a minha recuperação e ajudar outros a alcançarem a sobriedade.

Essa decisão deu-se por eu não haver mais escolhas. Eu tive que realmente decidir entre continuar usando ou continuar vivo. Não me restava outra opção. Apenas essas duas.

Só por hoje, me dou o luxo de ter escolhas, como sentar num restaurante e pedir um suco ou uma água mineral. Só por hoje me dou o luxo de escolher dizer “não” às drogas.

Só por hoje, estou decidido a continuar limpo, um dia de cada vez.

Que O PODER SUPERIOR continue iluminando cada um de vocês!
Bons momentos, repletos de Serenidade, Sabedoria e Sobriedade.
Até o nosso próximo contato.
Continuo sendo o Júnior, um adicto em recuperação, Limpo, só por hoje!

Abração e TAMUJUNTU.